Layoffs não são motivo para desanimo e eu posso provar

Primeiramente, se você foi uma das pessoas afetadas pela onda de demissões, eu sinto muito mesmo. Espero que as coisas se resolvam logo. Também quero dizer que esse não é um texto que trás perspectivas irreais. É um texto direcionado a profissionais juniores de tecnologia ou aqueles que ainda não conseguiram uma vaga na área, mas estão estudando e que se sentiram desanimados após todas essas demissões.

Nas últimas semanas empresas como Twitter, Pagseguro, Google, Amazon, Salesforce e outras muitas, demitiram uma grande parte de seus funcionários. A impressão é de que as demissões em massa atingiram especialmente os funcionários que compunham o setor de tecnologia.

O cenário parece desesperador. O que tenho notado nas redes sociais - e quero ressaltar que eu falo especialmente a respeito dos estudantes e profissionais juniores de tecnologia - é uma maré de pessimismo e desânimo em relação às vagas e oportunidades de trabalho para programadores, devops, PM, QA, etc. Por um momento eu também entrei nessa neura, mas acabei ficando um pouco aliviado depois de retomar minha consciência aos fatos. Quero trazer nesse texto um sopro de esperança e motivação, para que continuemos estudando e buscando vagas em tecnologia.

Antes de tudo, preciso que voltemos lá para 2018. Naquele ano, tudo parecia bem, o céu estava azul e os pássaros cantavam lá fora. As vagas de tecnologia iam de vento em popa. Haviam investidores dispostos a gastar milhões com apps, que praticamente davam dinheiro para o usuário. Ifood e Shopee concediam cupons de 10 reais por pessoa cadastrada. Tiktok pagava muito bem para aqueles que angariassem novos usuários para a rede social. Na Uber se conseguia viajar quase de graça... Saudades kkk. Aí veio 2019, 2020 e então a pandemia. 2020 foi o ano em que a maioria dessas plataformas que já estavam consolidadas passaram por um desafio, o aumento exorbitante de novos usuários.

A pandemia obrigou todas as pessoas a irem para o digital. Trabalho, faculdade, encontro de amigos, fast food, supermercado… tudo se fazia pela internet!

Para se ter uma ideia, uma pesquisa trazida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br) mostra que houve um grande aumento da proporção de usuários de internet no Brasil, sobretudo entre os moradores das áreas rurais (de 53% em 2019 para 70% em 2020), entre os habitantes com 60 anos ou mais (de 34% para 50%), entre aqueles com Ensino Fundamental (de 60% para 73%), entre as mulheres (de 73% para 85%) e nas classes DE (de 57% para 67%). Sem considerar os números de 2020 para 2022.

No ano de 2020 em relação a 2019, a Amazon triplicou o lucro líquido no terceiro trimestre, passando de US$ 2,1 bilhões para US$ 6,3 bilhões (e o rico cada vez fica mais rico). A Alphabet, controladora do Google, registrou crescimento de 59% no lucro do terceiro trimestre, para US$ 11,25 bilhões, no mesmo período. 

Consequentemente a quantidade de vagas para áreas de tecnologia que já vinham aumentando antes da pandemia, aumentaram ainda mais, de maneira nunca vista. Os cursos de programação mais oportunistas prometiam salários acima de 15 mil reais em até seis meses. A área de tecnologia parecia a galinha dos ovos de ouro, especialmente para aqueles que, como eu, vinham de formações onde faltam empregos e sobram profissionais.

Mas até então isso não é lá uma grande novidade para ninguém. Assim, voltando para 2023 vamos analisar com mais calma a situação.

Como sabemos, o ano de 2023 começou mal para uma galera que já tinha emprego na área de tecnologia. Na última semana, a enxurrada de postagens de vítimas do layoffs foi realmente assustadora. Esse tipo de publicação causa insegurança, uma grande incerteza para aqueles que estão no início de suas carreiras ou ainda nem tiveram o primeiro emprego. Porém, o que acredito é que esse medo seja um pouco exagerado e na verdade não há um bom motivo para desistir da área.

Eu gostaria de trazer dados sobre o decréscimo da quantidade de vagas na área de tecnologia no pós-pandemia, mas não encontrei. Não que não seja verdade que a quantidade de vagas tenham realmente se reduzido, é o que se observa empiricamente. Mas o ponto que quero trazer é: o mercado de tecnologia, mesmo antes da pandemia, estava aquecido. Ainda em 2017 e 2018 já se noticiava aumento nas vagas. O que estamos vendo agora não seria uma volta ao que era o normal, antes da pandemia?

Me parece que, na verdade, os anos 2020 e 2021 foram pontos fora da curva e o que estamos vendo agora em 2023 é uma volta aos índices normais do mercado de trabalho em TI ao invés de um apocalipse, o fim de todas as vagas. É claro que não estamos tão bem quanto em 17 e 18. E obviamente não há tanto a se comemorar mas há menos ainda que se entrar em desespero e pensar em desistir. Acredito que, na verdade seja o momento de aterrissar os pés no chão.

Você poderia dizer: “Ah, mas existe uma previsão de recessão global que irá diminuir vagas". Verdade, mas a recessão global impacta todas as áreas do mercado de trabalho, não só a tecnologia. Então, provavelmente você que vem de outra área, estaria passando pelos mesmos perrengues, se estivesse na sua primeira área de formação.

A minha visão é que, neste momento, muito mais que antes, devemos estudar e nos preparar para as vagas. Ao invés de transitar entre linguagens e stacks, ou pensar em desistir, focar e nos especializar naquilo que propusermos a fazer. Criar projetos e compor um portfólio é uma boa pedida. Me parece que, ainda em 2023, a área de tecnologia terá um mercado mais aquecido do que outras áreas. As coisas não estão fáceis como antes, mas com certeza poderiam ser piores.

Para finalizar, quero recomendar a iniciativa do Wouerner Brandão: a Sou Junior , lá eles possuem um lab onde se reune equipes de devs, PMs, QAs, UX, e mentores em projetos que nos ajudam a treinar, e obter uma primeira experiência em um time completo. Funciona como se fossem empresas júnior. Participar de iniciativas como essa, te coloca muito à frente na hora de concorrer às vagas. Enfim, não desista e bons estudos a vocês!